sexta-feira, julho 20



Amanhece ao contrário no teu peito.
A lua desce devagar o degrau das nuvens,
cada camada é um compasso de tempo

O galo canta de trás para a frente
e de patas para o ar
Os vizinhos regam flores em marcha-atrás

Uma flor a florir para dentro
por fora do vaso
o canto da manhã desenha pássaros sonoros
duas asas no teu espreguiçar

sorris em compasso de tempo demorado
numa nuvem pequena
despes a noite do teu corpo
fico com a noite nas mãos enquanto te vestes

a caminhada é necessária até a atirar ao mar
no primeiro mergulho
A hipotermia é quente
estes dias nossos são um infinito de sol

por amanhecer assim
adormeço no teu ombro a sonhar com o dia.