segunda-feira, setembro 27

então era isso




Ela pensava que sabia. Pensava que pensava em coisas boas e que assim podia. Pensava que nem sequer era preciso pensar nem saber porque o instinto de ser livre era mais forte, dotado de tanta força que nem os furacões se atreviam a desafiá-lo. Ela pensava e sonhava isto tudo. Sabia pensar e pensava que sonhava e sabia, sabia mesmo. Sabia tanto-com-tanta-força-que-nem-os-furacões que nunca mais foi vista noutra forma que não a de estrela-polar (às vezes com outras sem hífen, ou cauda brilhante e cadente, como o autor-criança lhe prefere chamar). Ela sonhava, pensava, sabia e voava. Mesmo.

sexta-feira, setembro 17

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

Cecília Meireles